O rádio talvez seja o meio mais popular, amplo e ouvido, ou seja, o que tem mais contato com a população. Porque não exige atenção absoluta, pode-se fazer qualquer coisa com rádio ligado. O rádio não pode ser subestimado, pois é estratégico pra tudo. Para o desenvolvimento cultural, informação, lazer, o debate e o enfrentamento das questões que afligem a população. É um instrumento que precisa ser valorizado e incorporado nas políticas públicas também. Estamos fazendo agora um edital para as rádios públicas no Brasil. É uma sinalização por parte do Ministério da Cultura de que precisamos fortalecer essas rádios, que não concorrem com as privadas, que têm um outro perfil. A rádio pública tem um papel de prestar serviços sociais importantes, manter a população informada sobre direitos, oportunidades e políticas que podem enfrentar e servir à população.
Precisamos avançar na valorização da rádio comunitária. Diferentemente da rádio comercial ou da pública, a comunitária tem um outro papel: é uma voz de expressão da comunidade e um meio de comunicação interna que possibilita que essa população se organize e adquira personalidade.
Deve ser pensada como uma parte do sistema de rádio e comunicação no Brasil, com uma singularidade muito delimitada. O Ministério da Cultura já está abrindo, junto com a Abraço, que é a Associação Brasileira das Rádios Comunitárias, um edital exatamente para incentivar o desenvolvimento dessa rádio que é muito singular, que joga um papel importante.
Tenho visitado os estados no Brasil, e entrei em contato com rádios comunitárias que prestam serviços às comunidades indígenas e caboclas que vivem na floresta ou em situação de isolamento. No interior do Nordeste, em regiões onde a seca castiga profundamente a população que vive isolada. E essa rádio acaba sendo o grande instrumento de agregação daquela comunidade. Nas periferias, visitei uma rádio comunitária em Belo Horizonte e fiquei muito impressionado com a audiência e com a agilidade que tem de refletir os problemas da comunidade. É um instrumento importante de comunicação e que o sistema brasileiro de rádio e comunicação
precisa incorporar.
Um comentário:
Estou de acordo, mas com sentimentos dúbios: surpreso e satisfeito ao mesmo tempo, mas em ano de eleição, também desconfiado.
Ele na verdade declara aquilo que nós e a maioria envolvida na luta pela democratização dos meios de comunicação e da informação, e com as Rádios Livres e Comunitárias, está cansada de saber e repetir.
Agora para se valorizar ainda mais, de fato, "esse importante instrumento de comunicação" que são as RadCOMs, ele também sabe que é só se fazer o óbvio (mas também quase impossível): difundir mais informação e esclarecimento, através de campanhas na grande mídia, sobre o que é de fato o movimento pela democratização das informações e dos meios de comunicação e pelas rádios livres e/ou comunitárias, suas diferenças, o que são as associações que as agregam, suas funções, limitações e dificuldades; e sobre o direito de se comunicar. Pois é muito fácil ficar manipulando a informação através dos meios de comunicação de massa para confundir a opinião pública e desestimular a participação nas iniciativas populares e comunitárias e, consequentemente, inibir a produção de informações livres e alternativas. Precisamos democratizar de fato os meios de comunicação! E eles podem isso, é só terem o interesse e vontade.
Fernando Fernandes
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