quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Exposição mostra a relação entre a publicidade e o cigarro .

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19/10/09
Bem antes de ser banido dos ambientes fechados em algumas cidades do mundo, como São Paulo, e de trazer avisos sobre os graves problemas de saúde que pode acarretar, o cigarro era considerado algo envolto em glamour. Soltar aquela bela baforada de fumaça entre as frases poderia ser sexy e misterioso, além de ser moda entre os jovens e os mais velhos de gerações anteriores. A indústria do tabaco norte-americana investiu pesado para conseguir a boa fama do bastãozinho branco, como mostram as peças publicitárias mostradas na exposição "Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas", que fica em cartaz até o dia 26 deste mês na livraria Cultura do Conjunto Nacional.
A seleção de 90 propagandas é um retrato curioso de como o hábito do fumo foi difundido dos anos 20 aos 50 nos Estados Unidos. Nas mais excêntricas peças, Papai Noel fuma tranquilamente enquanto entrega presentes por ai e um bebê dá um conselho para a mãe mudar a marca de cigarros. Há também cartazes com ídolos do cinema, como John Wayne, e até médicos incentivando a prática sem se preocupar com os malefícios que isso poderia trazer.
A compilação é fruto do trabalho de dois professores da Universidade de Stanford, o médico Robert Jackler, e Robert Proctor, historiador. À época da primeira exibição da coleção, em 2007, Jackler disse que começou a juntar os anúncios por hobby, mas logo percebeu que os anúncios não eram nada inocentes. "As pessoas ficaram chocadas com eles. A exposição mostra a disposição da indústria de vender de qualquer maneira", disse ao "Stanford News".
A mostra se atém à publicidade direta, mas não é difícil lembrar que o cinema também foi uma arma poderosa a favor do tabagismo. Clássicos das telas como "Um Bonde Chamado Desejo" e "Casablanca" são ícones de uma época em que era considerado algo fino inalar fumaça e soltá-la sem dó no seu companheiro de conversa.
O bastãozinho se tornou vilão de vez pelas mesmas fontes que o ajudaram a se tornar sinônimo de glamour. Além de ter as propagandas proibidas, os maços trazem mensagens de alerta para tentar barrar o consumo do tabaco. O cinema também deixou de ser um aliado tão eficaz quanto antes, pois as cenas em que os atores aparecem com um cigarro nas mãos foram diminuídas, e chegou até mesmo a lançar um filme contra a indústria tabagista. "Obrigado por Fumar" (2005), conta a história de um lobista que mesmo sabendo todos os males causados pelas empresas que representa, não sente o menor remorso em alardear que o cigarro não é tão perigoso assim.
"Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas" é um passeio curioso para os que não fumam, pois podem enxergar com distanciamento os hábitos de outra época, mas também pode ser um empurrãozinho para quem ainda não largou o vício, que pode perceber que ainda é seduzido pelas mesmas afirmações que "faziam sentido" no início do século passado.
Fonte: Colherada Cultural - Thais Kuzman
Data: 19-10-2009

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