Eles são pequenos, mas tem a grandiosidade mais
nobre de todos: a pureza da verdade em tudo que dizem e fazem. De todas as
regiões do Brasil, no 6º Congresso Nacional do MST, que reúne cerca de 15 mil
pessoas em Brasília, também estão os denominados “Sem Terrinha”. Crianças de 5
a 12 anos que aprenderam cedo a ter consciência social, e esperança e força de
vontade para mudarem a realidade em que vivem.
Com uma vasta programação infantil na chamada
Ciranda Paulo Freire, os “Sem Terrinha” cantam, divulgando o disco do projeto,
que conta com letras que retratam as dificuldades das crianças para estudarem
em manterem uma vida digna nas regiões mais remotas e distantes do poder
público. Os ritmos que animam a programação do congresso, variam entre o xote,
o samba e a folia de reis.
Enquanto os pais acompanham as plenárias, e
participam das constantes ações do evento, os filhos vão para a ciranda que
começa logo bem cedo. O CD é de autoria das próprias crianças nos diversos
acampamentos pelas cinco regiões do Brasil.
Os Sem Terrinha vão luta!
Além de proporcionarem uma belíssima programação
cultural, durante toda a semana, as crianças também seguiram em marcha para o
Ministério da Educação (MEC) para reivindicar seus direitos fundamentais para
os estudos. Cerca de oitocentas crianças ocuparam a entrada do prédio, e após
duas horas foram recebidos. Os Sem Terrinha leram um manifesto feito para
ministro José Henrique Paim, que prometeu um compromisso com as reivindicações.
Com oito anos de idade, Kettely Lorrany da
Silva, do estado de Goiás, sai de casa todos os dias às 11h30 para chegar na
escola às 13h. O mineiro Caio César, de onze anos, já perdeu aula muitas vezes
porque o ônibus que leva as crianças para a cidade estava com defeito e em
situação precária. Do estado do Pará, Milena Lima de Oliveira relata que falta
material escolar, livro, caderno e lápis.
Segundo o Setor de Educação do MST, o Ministério
da Educação tem recursos mas não prioriza a educação no campo. Nos últimos 12
anos, 37 mil escolas foram fechadas, e as crianças cobram melhores condições
para as 76 mil escolas existentes. No manifesto elas diziam: “Existem muitas
escolas que estão dentro dos acampamentos e assentamentos e que não tem
transporte para nos levar”.
Edna Rosseto, do setor de educação, afirma que
foi fundamental a participação das crianças no ato político. “As crianças do
campo são invisibilizadas nas políticas públicas, e também ficavam invisíveis
nos processos de negociação e pressão. Por isso viemos todos para este ato.
Desde as crianças de colo até as crianças de 12 anos, protestando por seus
direitos onde vivem”, ressaltou.
Antes de voltar para o ginásio Nilson Nelson,
onde acontece o VI Congresso do MST com a cobertura da Agência Abraço, as
crianças cravaram suas mãos em tinta na fachada do Ministério.
Bruno Caetano
Da Redação
Foto: Bruno Caetano
Com a colaboração da Assessoria de Comunicação
do MST
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